o porquê d'eu ser tão impessoal;

eu demoro muito tempo pra aprender certas coisas.
algumas são gritantes, é como se tentassem chamar a minha atenção a todo instante, mas aparentemente, eu estou sempre negliciando-as.
vivo cá com minhas certezas, minhas decisões, meu queixo erguido, minhas razões e... demora pra cair algumas fichas, as vezes, demora até demais.

pelos últimos anos aprendi muito, e tive a oportunidade de aprender bem mais, caso eu estivesse com os olhos (e a cabeça) mais abertos, mas eu não estava. do pouco que pude analisar, pensar, repensar, teorizar e esclarecer, de muito já me vale.

aprendi que a gente tá sempre querendo receber uma surpresa, um carinho, um agrado, uma visita, um E-MAIL, mas não surpreende ninguém, não dá afeto a ninguém, não agrada, não visita e não escreve pra ninguém.

aprendi que a gente está, constantemente, recebendo uma surpresa, um afeto, uma visita e uma carta, mas bah! essas não nos importam! nem sequer chegam a contar!

a gente quer o que a gente não tem.

o valor que a gente dá pro e-mail que recebeu é muito menor, mas muito menor, que o valor que a gente dá pra um suposto e-mail que gostaria de receber de uma determinada pessoa.

quando a gente reclama, geralmente se é específico - embora falando no geral.

eu me cansei, mas me cansei mesmo, de ouvir reclamações e choros e lamúrias de todos os tipos, enquanto eu mesma, me considerava ali, dando exatamente o que a pessoa estava reclamando de não receber.

e aí ficou muito claro pra mim (mas demorou, infelizmente, demorou demais...) que quando uma pessoa diz: "eu olho sempre minha caixa de correios, pra ver se alguém lembra que eu existo..." ou algo do tipo, e você se sensibiliza, e decide fazer algo por ela... o "alguém" não te abrangia. simplesmente quando ela diz: "pra ver se alguém", apesar de parecer, esse "alguém" não é qualquer um, tampouco é você... é UM alguém, específico. tu pode ir lá, no outro dia e encher a caixa dela de correspondências, tantas quanto recebem uma promoção no faustão...
as suas milhares de cartas não se equiparariam a UMA: à carta que ela quer, da pessoa que ela sabe qual é, do jeito que ela pensa, sonha, coisa que o valha.

mas aí eu descobri também, que se por um acaso você é esta pessoa, seria mais fácil o camelo passar no buraco agulha, do que a pessoa mover o bumbum dela da cadeira pra fazer com que você, no mínimo, saiba disto.

descobri que a pessoa chorona nunca está numa pindaíba tão grande quanto ela conta. não, capaz de tu estar numa pior que a dela, se duvidar, e que por isso, me tornei cada vez mais fria com os "problemas" alheios.

não me comovem mais.

mas os meus, sim, estes estão sempre em voga... só me desculpe por não "dividí-los" contigo... é que aos trancos e barrancos eu também aprendi que você não se importa.

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Enviado do meu celular