terça-feira, 11 de agosto de 2009

dora;

dora deixou de acreditar nas pessoas há muito tempo. seus pais a despontaram, seus amigos a decepcionaram e ela achou que deus tampouco a ajudou. dora passou a acreditar que quando queremos que uma coisa seja feita temos que fazê-la sozinhos.
dora encara as outras pessoas como adversários. é como se ela estivesse competindo com todo mundo por causa de tudo, sempre querendo ter certeza de que não será enganada. o problema é que, mesmo quando consegue evitar que os outros a enganem, ela ainda se sente lograda. quando não temos com quem compartilhar as coisas, a satisfação de conseguir o que queremos não dura muito tempo.
dora construiu um muro de defesas para garantir que ninguém conseguirá se aproveitar dela. o que não percebe é que, além de impedir que os outros entrem, esse muro a mantém presa do lado de dentro.
a verdade é que dora se ressente de estar sozinha.
ao tentar evitar ser vítima dos outros, ela criou o próprio inferno. procura se proteger desconfiando dos outros, quer curar suas feridas permanecendo isolada. dora tem poucos amigos porque sua atitude é muito defensiva diante das pessoas, e sua vida não parece ter significado porque ela não acredita em nada maior do que ela mesma.
dora age como se estivesse absolutamente certa do que quer, e é em geral inútil discutir com ela a respeito disso. mas sua fachada confiante e segura serve apenas para ocultar seu sofrimento. dora está tão ocupada em se defender que não sobra energia para construir coisas melhores para a sua vida. o que ela não percebe é que manter os outros à distância lhe dá uma falsa segurança, mas a impede de obter o que precisa para se sentir completa. tanto do ponto de vista psicológico, quanto do espiritual, dora extraviou-se e, sem ajuda de outras pessoas, será incapaz de encontrar o que realmente precisa.


o egoísmo é psicopatologia.

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