Não gosto da áurea de gênio que circunda a figura do Veríssimo.
É bem parecido com o que ocorre com os Los Hermanos. Os fãs se perdem um pouco, e acham tudo genialidade, e perdem a capacidade de distiguir a qualidade do trabalho depois de um tempo.
Não é porque um escritor acerta em várias crônicas (e eu acho realmente que o Veríssimo possui crônicas valiosíssimas...), que TUDO que ele escreva seja magnífico.
Alguns textos são incrivelmente enfadonhos, outros incrivelmente 'infantis', por assim dizer, outros razoáveis, e assim vai.
Hoje terminei de ler seu último livro "Banquete dos Deuses" (disponível pra download aqui.) e achei bem bacana, por se tratar de uma compilação de textos sobre cinema, música e literatura.
Mas cá pra nós, falar sobre cinema, música e literatura é muito fácil. [eu mesma estou aqui neste exato momento falando sobre literatura e não sinto dificuldades em me expressar, por exemplo.]
Cá pra nós, quando se possui um emprego onde tu seja obrigado a escrever algo toda semana, como é o caso do crontista, é muito mais fácil ainda que tu tenha material para publicar N livros.
Algumas curiosidades são muito boas, algumas frases dignas de citação.
E não é uma questão de desmerecer, nem glorificar o trabalho deste escritor (que respeito bastante, principalmente pelo fato de ser filho do Erico Veríssimo - e este sim, tiro o meu chapéu com louvor e sempre...), é uma questão de identificar nitidamente suas 'más obras'.
Comédias para se Ler na Escola, por exemplo, é um título HIPER fascinante.
Aposto que vários e vários jovens compraram (ou pegaram emprestado na biblioteca...) este livro só pelo título, os que ainda não se sentiram encorajados pelo título, se tiveram a 'sorte' de se deparar com aquela edição alaranjada, certeza que não escaparam do empréstimo.
Mas que adolescente não se sentiria atraído por um livro - que pelo menos o nome incita - seja um livro de piadas para se ler durante as aulas e fugir pra bem longe da voz rouca daquela professora caquética falando sobre como os átomos de carbono se unem aos átomos de oxigênio?
- Eu fui um desses adolescentes.
E me arrependi primorosamente. Quando cheguei ao fim (e eu não o li inteiro na escola...), cheguei à conclusão que ganharia mais se estivesse ouvindo o professor de física explicar qual era a força que agia sobre aquela roldana num determinado instante 'a' para erguer então um peso 'x'...
Deixo a dica de leitura do livro, sim.
Mas deixo o conselho de manter-se atento para a mistificação de artistas comuns, talentosos, porém superestimados.
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