sábado, 20 de setembro de 2008

De quando eu volto a ser menina escrevendo em diário;

havia os dias onde o que tudo que eu dizia, escrevia, era mais bonito.
é que a dor intríseca e eminente de estar sozinho, leva à beleza inigualável de uma poesia triste.
hão de convir que músicas tristes tocam muito mais o coração de um sofredor nato do que músicas alegres tocam a alma de um festeiro.
naqueles dias eu era mais eu. eu era mais a gabriella que eu me tornei, que eu aprendi a olhar no espelho. naqueles dias só a nuance da saudade, da solidão e da melancolia brotavam no meu reflexo.

hoje, a felicidade - que alguém que eu não conhecia até pouco tempo - me traz, me faz uma nova pessoa que eu admito não estar acostumada.
nunca tinha sido assim, nunca tinha sido tão leve o passar dos dias, e o esperar pelo o que nem sei, por um encontro na esquina, por um abraço e um beijo no rosto.
nunca tinha sido tão fácil ser íntimo, e fazer qualquer coisa que desse na telha, nunca tinha sido tão solícito, empenhado, dedicado por ambas as partes.

era sempre aquele barco de dois passageiros - um remador - e bem no meio do rio, alguém mergulhava, e quem ficava virava, buscava destroços dos remos, do barco, pra tentar chegar até a margem de volta. e demorava. ah, de-mo-ra-va.

mas ah... não me deixa acostumar com essa sensação de folha branca sem escrito, de falta de idéias, de falta de dores, de pouca inspiração.
vai... talvez eu goste dos meus discos e meu café com cigarro no dia frio, goste de que sonhar seja cotidiano e não capricho, do ludismo, do lirismo, do mito.
e pensar que amor é mais, é um eterno in-.

inalcançável, inatingível, insuficiente, instável, intocável, insensível, intransitivo, intransferível.

"nem me fale de amor. amor é isso."

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